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03/08/2022

Lesões esportivas e fatores psicológicos.

Lesão

A maioria dos(as) atletas, sejam amadores(as) ou profissionais, provavelmente já sofreu algum tipo de lesão esportiva, ou seja, se você já passou por isso, você não é uma exceção. Considerando que uma lesão é algo que pode afastar os(as) atletas de alcançarem as suas metas ou até mesmo impedi-los(as) de retornarem ao esporte, não é raro que atletas lesionados se sintam isolados, frustrados, ansiosos e deprimidos. Nesse caso, temos um importante fator psicológico agregado a lesão física ocorrida.

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E o que preocupa não são apenas as reações psicológicas que surgem após uma lesão. É importante se preocupar também em como você lida com as suas emoções no dia a dia, pois, quem pratica esportes e exercícios e enfrenta muito estresse sem ter boas estratégias para lidar com isso pode vir a ter mais chances de sofrer alguma lesão. Além do mais, a pessoa que passou por uma reabilitação decorrente de uma lesão sabe que aspectos como motivação e estabelecimento de metas estão envolvidos em recuperação e retorno ao esporte bem-sucedidos.

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Os psicólogos do esporte Jean Williams e Mark Andersen (Andersen e Williams, 1998) ajudaram a esclarecer o papel que os fatores psicológicos desempenham nas lesões esportivas. Em estudos realizados, eles perceberam que a relação entre lesões esportivas e fatores psicológicos centraliza-se no estresse. O estresse é uma resposta do organismo para uma situação ameaçadora, que causa mudanças psicofisiológicas como aceleração cardiorrespiratória, tensão muscular, redução do campo de visão periférica, diminuição na atenção e outros. Essas alterações podem aumentar a chance de lesões, pois causam cansaço muscular, diminuição da coordenação motora e do tempo de reação.

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Para que sejam mais bem compreendidos os aspectos em torno de uma lesão, não posso deixar de citar que, além do estresse, os fatores físicos, sociais, psicológicos e de personalidade influenciam na ocorrência de lesões. Além disso, depois que se sofre uma lesão, esses mesmos fatores influenciam o grau de estresse causado por ela e a subsequente reabilitação e recuperação do atleta.

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Focando um pouco mais na recuperação de lesões, as habilidades psicológicas mais importantes a aprender para a reabilitação são: o estabelecimento de metas, o diálogo interior positivo, a visualização ou mentalização e o treino de relaxamento.

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Algumas estratégias de estabelecimento de metas que podem ser usadas com atletas lesionados são: estabelecer uma data segura para voltar aos treinos, determinar o número de vezes por semana para psicoterapia e decidir o número de exercícios de amplitude de movimento, força e resistência a serem feitos durante as sessões de recuperação.

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Estratégias de diálogo interior ajudam a contra-atacar a confiança perdida que pode acompanhar a lesão. É recomendável que os atletas aprendam a interromper pensamentos negativos (“nunca vou melhorar”) e a substituí-los por pensamentos realistas e positivos (“estou me sentindo por baixo hoje, mas vou manter meu plano de reabilitação – tenho apenas que ser paciente e superarei isso”).

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Sordoni, Hall e Forwell (2000) verificaram que atletas que usam mentalização no esporte não a usam automaticamente no mesmo grau quando estão lesionados. Portanto, as pessoas que auxiliam na reabilitação de lesão precisam encorajar os atletas a usarem a mentalização durante a reabilitação exatamente como costumam fazer quando estão atuando.

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Por fim, o treinamento do relaxamento pode ser útil para aliviar a dor e o estresse que geralmente acompanham lesões graves e o processo de recuperação de lesão. Os atletas também podem empregar técnicas de relaxamento para facilitar o sono e reduzir níveis gerais de tensão.

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A conclusão que se chega é que cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar da saúde física, seja para prevenção ou para recuperação de lesões.

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Referências:

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  • Williams, J.M., & Andersen, M.B. (1998). Psychosocial antecedents of sport and injury: Review and critique of the stress and injury model. Journal of Sport and Exercise Psychology, 10, 5–25.
  • Sordoni, C., Hall, C., & Forwell, L. (2000). The use of imagery by athletes during injury rehabilitation. Journal of Sport Rehabilitation, 9, 329–338.
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