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12/06/2018

A saga em Porto Alegre

Post da Nagai, Relatos, Sem categoria

Como não guardar o evento de Porto Alegre de 2018 na memória?

Definitivamente foi a prova mais marcante para mim por todas as imprevisibilidades e expectativas de “prova perfeita”.

Comemoração com Medalha 3D temática (formato de Chimarrão)

Quando as coisas não saem como planejado

Iniciei meu planejamento por volta de agosto, colocando como meta o tão esperado sub 3h nos 42,195 km depois de uma série de câimbras da Maratona de Chicago em 2017.

Minha decisão era escolher uma maratona plana e glacial para favorecer tempos baixos, a ser feita em solo brasileiro para evitar problemas de desidratação… Não podia dar errado, vinha de um ano sem lesão.

Eu estava achando minha recuperação tão eficiente e me sentindo tanto a Mulher maravilha que forcei reduções de ritmo nos treinos muito mais cedo do que deveria.

E lá veio ELA, a Canelite, chamo ela com letra maiúscula pelo respeito por ter ficado do meu lado do Carnaval ao feriado de Tiradentes, não me abandonou e ficou incessantemente ao meu lado treino a treino.

Tanto é que início de maio, faltando um mês, desisti dos 42k e mirei nos 21 km honestos, em que você vai pra completar, como já dizia minha amiga Dani: “passagem comprada, inscrição feita”.

 

De repente, em Porto Alegre

O tempo passou tão rápido até chegar em Porto Alegre, que quando me dei conta estava num “uber” buscando cada amiga num endereço como se fosse aqueles ônibus escolares com o tio da perua apanhando as crianças.

Do quarteto (eu, Dani, Ju e Mi), cada uma lidava com as fatalidades da vida de corredor (lesão, gripe, desânimo dos treinos longos, falta de tempo, etc.) de uma maneira própria, mas foi nessa combinação bem variada  e muitas com risadas, reclamações, desabafos que tudo ficou mais leve e divertido.

Já havia o prenúncio de temporal rolando em todos os cantos da cidade…

Falavam de vento, chuva, umidade na casa do chapéu. A gente fugiu para o sul do país para conseguir temperaturas abaixo de 15C e as chuvas com temperaturas mais elevadas indo ao nosso encontro.

Pelo menos o “tempo louco” tinha função de receber a culpa exclusiva no desempenho abaixo do esperado rsrsrs e enriquecer o argumento que 2018 era o ano para se esquecer na corrida.

Na expo com a mulherada 

 

Com o ídolo

A Expo do evento não foi surpresa, esperava ver mais stands.

Fui com uma lista (sempre infinita) de necessidades de consumo e fui embora de mãos vazias.

A grife do evento não tinha uma camiseta diferenciada como souvenir e no primeiro dia, faltava variedade.

A parte mais bacana foi encontrar o Ronaldo da Costa, ex- recordista mundial de maratona (Berlim 1998 – 2h06min05s) e ainda um dos maiores nomes de longa distância no Brasil.

Muito simpático, tirou várias fotos e contei a ele que nos seguimos mutuamente no Instagram – inclusive ele curtiu meu post da Maratona de São Paulo 2016.

 

A Largada

No dia da prova, a previsão do tempo se confirmou como nunca visto antes…

Ainda bem que compramos umas capas de chuva no centro de Porto Alegre. A legging e luvas compradas permaneceram no hotel.

 

Tudo pronto para a prova

 

O espaço da prova foi distribuído no estacionamento Barra Shopping, tendas de assessoria de um lado, banheiros químicos, guarda-volumes e lá do outro lado a largada (bem do outro lado mesmo).

Não havia pórticos de largada como de costume, foi usada a entrada de carros para acomodar os atletas indo para Meia e outro para Maratona.

Eu já tinha dado um jeito de enfiar pé na poça para deixar o LunarEpic inundado com água, fazendo barulho a cada pisada.

 

Tentativa de split negativo

Comecei regulando meu ritmo pensando “5:50”, “5;50 até 10K”, “não se arrebente”. Ouvia o barulho da capa de chuva balançando com vento e chacoalhando com minha exagerada rotação de tronco.

Ouvia corredores falarem de tempos em tempos “tartaruga”, na primeira vez achei que alguém se referia a mim rsrsrs, depois fui notar que eram os obstáculos no chão mesmo e se tratava apenas de uma cortesia aos desavisados.

Consegui por uns km não olhar tanto para meu Garmin, apesar de adorar espiar. Pegamos a subida mais forte da prova entre km 5 e 6. Depois olhando no meu Garmin Connect percebi 4 sobes-e-desces (não estudei antecipadamente a altimetria desta prova).

A chuva com vento voltou no km 7,5 e nessa hora, não tinha nenhum corredor que pudesse me servir de escudo ou grupo que pudesse fazer aquela formação em flecha como no Breaking2 para diminuir o arrasto, me proteger das intempéries.

No km 11 era o momento de avançar para uma redução substancial de ritmo, o objetivo era manter uns 5:30 na segunda metade terminando num glorioso 1:58:59.

Forcei e senti minhas articulações e músculos débeis, a reação foi para 5:41 que seguiu variando até 5:55. Não era o dia para brilhar, na verdade praticamente todos os treinos são bem normais, satisfatórios e já apontam o resultado a ser atingido na prova.

Apenas na exceção da exceção, em que a “expectativa” se aproxima da “realidade”.

 

Reta final

Quando se atinge o km 18, tenho sempre duas certezas, uma é que vou terminar a prova (não vou me permitir desistir faltando 3km) e a segunda, é que são os quilômetros mais longos da prova.

A linha de chegada parece até se afastar, o cronômetro acelerou ultrapassando a marca de 2 horas.

Não julguei como ruim meu tempo de prova, claro que desejava um 1:59:59.9999 ou qualquer tempo inferior. Porém, sabia que o tempo alcançado era bem coerente com todas as entregas passadas.

 

Vista linda do guaíba ao pôr do Sol, bem diferente do visual nebuloso da prova

 

Decidi adotar outra postura e agradecer…

Agradeci ao meu intestino por funcionar direitinho e me dar uma trégua durante a prova.

Agradeci a minha panturrilha por sobreviver sem sinais de canelite.

Agradeci a mim mesmo por não pirar na prova em loopings de controle de ritmo e aprender a lidar com o que vem pela frente, sem julgamento do que já foi.

 

Conclusões finais…Vale a pena se inscrever?

Sim.

Em resumo, é uma prova muito boa a se considerar mesmo ainda não tendo a organização mais preparada, o staff é bem educado e disposto a te ajudar.

A indicação aos atletas no ponto em que os percursos de 21 e 42k se diferenciam foi bem sucedida e a vista do Guaíba, estádio Beira Rio e outros cartões postais embelezam o percurso.

Tem pontos a se melhorar como sinalização do trânsito do percurso da maratona (atletas concorrendo com carros na cidade), a (bem confusa) fila para mudar o número de peito e difícil acesso dos táxis/uber ao shopping para buscar os atletas após a prova.

 

 

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