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19/03/2018

História de uma ex-fumante com Myriam Haas

Fala corredor, Mulher, Relatos

Nunca gostei de fazer exercício físico. Ginástica na escola era um suplício. E pra piorar, aos 11 anos fui diagnosticada com hipotireoidismo. Como se não bastasse o remédio diário para o resto da vida,  vieram também as dietas e a terrível missão de me exercitar com frequência. Aquilo era a morte.

Sofri demais. Briguei com o espelho, com a balança e com o resto do mundo. Fui administrando a situação fazendo dietas malucas, lipoaspiração e qualquer milagre oferecido era bem vindo. Exercícios jamais. Me casei e após ter filhos e amamentar,  emagrecer era quase impossível. A questão não era fazer dieta; simplesmente nada me emagrecia.

A separação bateu na minha porta e com ela a depressão.

Após medicada descobri um novo mundo. Com aquela pílula mágica eu era uma pessoa mais tranquila, feliz e confiante. E o melhor de tudo foi que emagreci  sem deixar de comer e sem fazer nenhum exercício físico. Era o nirvana !!!!

Um ano e meio depois, numa consulta de retorno ao médico ele disse:

– Está na hora de tirar seu remédio e também percebi que você está com um nódulo na tireóide.

Foi uma bomba jogada na minha cabeça. Como tirar o remédio e ainda lidar com um nódulo?

Início da volta por cima

Com muita força de vontade enfrentei a retirada total da tireóide, o ganho de peso e a certeza de que eu nunca seria uma pessoa magra. Nessa altura a balança, o espelho e as fotografias eram novamente coisas proibidas na minha vida. A auto estima foi a um nível subterrâneo. Comecei a fumar. E fumei durante 8 anos.

Mas o corpo reclamou as consequências. Tosse, congestão nasal, dor nas juntas e outros tantos sintomas eram normais.

Certo dia percebi que meus cães saiam de perto de mim quando eu pegava o maço de cigarro. Meu filho me alertou que, não só meu carro cheirava a cigarro como minha sala de visitas também. Aquilo me assustou porque eu não sentia nada, claro.

Dias depois, conversando com um médico amigo meu, ouvi o seguinte conselho: – Se você quiser viver mais alguns anos, pare de fumar e vá se cuidar. Seu pai e tio são cardíacos.  Onde você pensa que vai estar daqui a poucos anos? No cemitério.

A luta contra o cigarro

A tristeza tomou conta de mim. Eu precisava me cuidar mas eu precisava daquela bengala chamada cigarro. Substitui o antidepressivo pelo cigarro e agora? Fazer dieta e exercício físico? Se eu não consegui fazer isso desde menina, impossível fazer agora com 50 anos.

Vendo que eu não tinha opção, decidi caminhar três vezes por semana. Saia de casa blasfemando e maldizendo a Deus quão cruel Ele estava sendo comigo.

Até que vi uma academia própria pra idosos, obesos e desamantes dos exercícios físicos. Em novembro de 2015 fiz um plano de sete meses. Já que estava difícil ir por bem, que fosse pagando uma academia especializada com personal trainer e nutricionista.

Eu ia inicialmente três vezes por semana e percebi que nesses dias minha vontade de fumar era menor. Então fui aumentando a frequência e diminuindo o cigarro.

E aos poucos fui saindo da minha zona de conforto, rastejando avenida afora rumo àquela academia maldita.

Quantas vezes saí de lá chorando de raiva nem sei de quê. Quantas vezes quis dar um soco no coitado do personal trainer só porque ele me mandava fazer polichinelos. A corrida de um minuto na esteira era o pior momento do dia. Eu achei que não fosse conseguir.

Mas consegui e depois que o tal plano terminou achei que já era hora de buscar uma academia comum, afinal eu já não fumava, estava alguns quilos mais magra e já aceitava que teria que me exercitar todo dia.

Quando seu corpo entende que não vai ser mais preguiçoso, que você não vai dar mais chance pro vício te dominar e que se cuidar é necessidade, vem a vontade de buscar novos desafios.

E foi fazendo a desagradável caminhada na esteira que achei que eu poderia tentar correr. Talvez fosse  menos entediante. Mas preferi buscar ajuda especializada, afinal eu não podia me dar ao luxo de desistir.

 

Entrada na BHRace

Em maio de 2017 contratei a BHRace. Minha meta é correr 5k sem parar e sem data definida para alcançar esse objetivo.  Aceitar o fato de que sou uma ex fumante, ex sedentária e ainda um pouco acima do peso ideal, me ajudam a não desistir e ir lentamente alcançando meu objetivo. Mais do que alcançar 5k é o “sair pra correr”. É correr dentro de um limite possível pra mim. Mas correr…faça chuva ou faça sol. Desculpas não são mais aceitas.

Felizmente consegui uma nova bengala. Substitui o cigarro pela corrida.

Só quem foi fumante e sedentário entende a  difícil missão diária de se exercitar.

Mesmo sabendo que não corro os 5k sem parar, mesmo invejando idosos que correm 21k,    finalmente criei coragem para marcar minha primeira corrida.

Não sei se meu treinador, Fillipe Biancardi,  tem noção do papel que ele representa na minha vida. Saber que ele está por trás daquela planilha, cuidando dos meus treinos e me estimulando, como um vigilante incansável,  não tem preço. Isso é fundamental. MUITO OBRIGADA. 

E digo sinceramente aos sedentários, fumantes e depressivos. É possível mudar sim. Com paciência, força de vontade e um minuto a mais de corrida de cada vez.

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