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29/05/2018

Minha relação com treinos de velocidade

Post da Nagai

A planilha de treinos vem sempre bem diversificada.

De treinos longos nos finais de semana aos treinos no meio da semana que vão da intensidade leve até a muito forte, podendo ser um Regenerativo, Estabilizador, Velocidade, Integrado, Intervalado Progressivo, Fartlek, Ritmo.

Tédio definitivamente não rola, agora muito suor, cansaço, endorfina, euforia tem de sobra semana a semana.

São tantos tipos de treino na BHRace que meu Garmin Connect já chegou a 6 páginas, pois vou criando e programando no calendário para transferir para o relógio.

Depois de um tempo na assessoria, obviamente tenho algumas preferências de treino, meu favorito é o Fartlek pelo dinamismo, vai variando os ritmos de leve a forte, quando você vê… já cumpriu a quilometragem ou tempo definido.

Emil Zatopek conhecido como “Locomotiva humana”, um dos percursores em aplicar treinos de velocidade para evolução nas longas distâncias

 

Treinos de velocidade… Alguém verdadeiramente curte fazê-los?

Mas vamos ao que interessa que é falar da minha dificuldade em relação aos treinos de velocidade. Aqui na BHRace existem 4 tipos, são ele:  V1, V2, V3 e V4.

Quando acordo e vejo um treino começando com “V” já respiro fundo e penso “lá vamos nós.” Automaticamente tento situar em que etapa estou da periodização, se estou no Pré-competitivo ou qualquer outra fase em que temos que evoluir no ritmo (ou pelo menos tentar).

Assim, vou aceitando que no final do dia tem um treino “pauleira”, que principalmente tenho grande resistência, bloqueio mental ou qualquer outro termo que expresse meu descontentamento.

Não consigo relembrar de um atleta até hoje que tenha me confessado claramente que ama os treinos de velocidade.

 

Velocidade 1 – O número 1 de sofrimento

O V1 é aquele treino doido que você vai de moderado a forte, sofrimento puro e prolongado por nunca ser uma distância mais curta, nunca abaixo de uns 1000m.

Cada repetição parece durar mais, músculos da perna queimam mais e a mente te obriga cada vez mais a parar.

Fico muitas vezes frustrada de não conseguir cravar meu ritmo na intensidade forte. Então o ritmo começa forte por eu ser bem ansiosa e largar mais forte até conseguir me concentrar num ritmo bom.

Depois vou diminuindo a velocidade… vou me cansando por errar no controle do ritmo.

A melhor parte desse treino V1 é quando acaba, libera uma enxurrada de endorfina no corpo que até equilibra com o desconforto das pernas “bambas” e doloridas nas próximas 24-48h.

E obviamente porquê sofrer calada… Vamos pentelhar o treinador Gabriel com reclamações “puxa, de novo, sabe que odeio 3 x 2500m”, “não estou preparando para maratona, então qual a razão disso?” ou “já estou sofrendo suficiente nos 2000m, os 500m a mais não vão fazer diferença na minha adaptação, evolução”

Quando acontece um raro alinhamento dos planetas, consigo encontrar a felicidade durante este treino, sou capaz de olhar minhas parciais e ficar orgulhosa do meu desempenho.

Consigo contar com dedos de uma mão, quando me dei por satisfeita com treinos V1.

 

Velocidade 2 – O menos odiado

O V2 é o menos desagradável de todos, geralmente ele acontece em uma distância menor de 1000m puxando no meu ritmo forte.

Não é a bagunça do V1 variando o ritmo de moderado a forte. Numa distância mais reduzida se consegue controlar melhor ritmo, as parciais são mais respeitáveis.

Quando você começa a pensar “por quê me sujeito a isso?”, já acabou a repetição, você já está fazendo sua pausa e bebendo seu Gatorade.

Nem sei por quê colocam pausa 1-3 minutos, quem é que vai fazer apenas 1 minuto se pode usufruir de 3 minutos?

Só descansa menos quem tem algum compromisso realmente importante logo depois…

Nesse treino, costumo chamar bastante atenção correndo e socando pé no chão, bufando e pingando de suor como se tivesse pulado na piscina.

Não tem como correr arrumadinha e fazer toda a paquitagem de selfies para o instagram. Já até ouvi comentários de pessoas na rua do tipo “não quero correr como ela sofrendo assim”.

 

Velocidade 3 – Se está no inferno, abrace o capeta

O V3, para mim, é o que menos evoca sentimentos negativos pela rapidez com que terminam.

Treinos de intensidade forte ou muito forte são bem sofridos por definição, então se está na m%$#@, no inferno, abrace o capeta… Pensando assim, vou para esses treinos mais conformada.

É um dos treinos que fico mais concentrada, observo minhas dores (tem sempre alguma lamentação) e o ritmo da respiração.

Nos V3 me vejo como corredora mesmo, porque só quem ama a corrida de verdade, dá conta de fazê-lo e insiste até o final.

Velocidade 4 – Correndo como se não houvesse amanhã…

Recordo de apenas 1x ter feito um treino V4, que é no pace suicida ou “correr como se não houvesse amanhã”.

Repetições bem curtinhas de menos de 200 m.

É aquele ritmo que se você corre e para abruptamente, o sangue desce rápido para as pernas por seus vasos sanguíneos estarem dilatados levando a uma falta de oxigenação no cérebro.

Daí vem a tontura, a vista escurece, aquela piscada dura mais tempo. Claro que não precisa passar mal assim, pois não somos profissionais, não ganhamos para chegar nesse limite.

A título de curiosidade, Usain Bolt tem vídeos no YouTube em que ele faz o sprint na pista de 240 m, termina se jogando no chão e depois tem um baldinho estratégico para ele “chamar o Hugo”.

A vantagem do V4 é que acaba muito rápido e você termina antes de todos atletas, pode se dar o luxo de ver o povo ainda dando as voltas na Lagoa Seca, bater um papo e chegar em casa mais cedo.



Treino de velocidade com sorriso maroto no final... só Bolt é capaz

 

Em busca de uma reconciliação

Venho tentado há muito tempo me convencer da contribuição desse tipo de treino na minha evolução na corrida, desde o primeiro ano de treinamento este é um dos maiores desafios para mim.

Muito provável por gostar de longas distâncias, é mais difícil ter gosto pelos treinos de velocidade.

A gente segue tentando conviver de maneira pacífica e garantir uma boa relação.

Nesse período “de baixa” por causa de uma canelite no lado esquerdo, até bateu uma saudade de um treino de velocidade, mas quando pensei em comentar isso com Gabriel, passou a vontade rsrsrsrs…

Prefiro continuar nos sempre amados Fartleks.

 

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