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18/05/2017

Breaking2 – Uma tentativa de correr maratona abaixo de 2h

Post da Nagai

O Breaking2 – projeto Nike para acelerar a quebra a barreira sub 2h na maratona (42,195 km) – foi intensamente divulgado nos últimos meses e movimentou o “universo da corrida” neste final de semana.

A tentativa representaria reduzir em 2min58s o recorde mundial de Dennis Kimetto (Quênia) de 2h02min57s, atingido em Berlim no ano de 2014.


Extremamente audacioso…visto que projeções de rompimento da barreira das 2 são para 2025-2030. Esse cálculo considerou as quebras de recorde na distância desde 1998, quando o brasileiro Ronaldo da Costa se tornou o recordista mundial em Berlim e assim iniciou uma próspera era em que os recordes mundiais foram caindo 4x mais rápido que nas décadas anteriores.

 

Fonte: Reportagem Runner’s world [2]

 

O Evento

O evento Nike Breaking2 foi transmitido ao vivo na conta Facebook Nike, 00:45 deste sábado (5:45 em Monza, Itália). Infelizmente por 25s, Eliud Kipchoge não atingiu a meta sub 2h (tempo oficial 2h00min25s).

Independente do resultado final ou da legitimidade desse tempo, valeu a pena acompanhar o evento para ver o que é um atleta numa performance de alto nível e ver a contribuição da ciência e planejamento ao esporte.

O projeto tem cerca de 2 a 3 anos em sua totalidade culminando com uma participação intensa dos atletas nos últimos 7 meses, que deixaram de competir nas premiadas maratonas de rua (como Londres, Boston, Dubai) para dedicação exclusiva ao Breaking2.

 

Os Atletas Breaking2

Eliud Kipchoge, Zersenay Kebede e Lelias Desisa foram selecionados entre 60 atletas através de critérios como VO2 e economia de energia.

Kipchoge compete nesta distância há 4 anos e ganhou 7 de 8 provas. Na que “perdeu”, chegou em segundo na Maratona de Berlim atrás de Wilson Kipsang que bateu recorde mundial nesta prova em 2013. Falaremos desse atleta incrível futuramente em outro post.

Zersenay Tadese é o cara mais eficiente no aspecto de economia de corrida e recordista em meia maratona com 58min23s. Lelisa Desista é o mais novo é vencedor 2x na Maratona de Boston.

Fonte: Reportagem Nike

 

Em busca de condições ideais

O evento ocorreu na pista F1 de Monza, em condições ideais de clima (temperatura entre 11 e 12C, Umidade 79% e vento até 0,4 km/h no início do evento) e percurso ideal consistindo em 17 voltas de 2,4 km.

Foram 30 pacers de alto nível que faziam um rodízio garantindo uma formação em flecha de 6 atletas para diminuir o efeito do arrasto, sempre colocando o atleta mais alto no centro. Ou seja, eles ajudariam a fazer um bloqueio, reduzindo a resistência imposta pelo vento.

Um Carro-mãe indicava o tempo total, pace e projeção de tempo final a cada 200 m e projetava uma linha no chão aonde os atletas deveriam correr e delimitando assim o Pace deles médio de 2:50/min. Isso garantia uma estratégia precisa e impediria um pace suicida que poderia antecipar os sinais de fadiga nos atletas, custando caro no final.

 

Customização

A Hidratação era dada na mão aos atletas pelos cientistas que rodavam junto de bike lado a lado. As pequenas garrafas plásticas continham 60 a 100ml fluidos com dosagem de sal, carboidrato, etc para necessidade específica dos atletas. Alguns atletas chegam a perder 10% do peso corporal em uma maratona.

Todos usavam o Nike Zoom Vaporfly Elite, que proporciona uma economia 4% de energia, com uma placa de fibra carbono no solado, customizada para cada atleta. Porém, de maneira geral, os três atletas pediram calçado leve, alto amortecimento para absorção de impacto e energia de retorno em cada passada.

Fonte: Reportagem Nike [4]

Os trajes não eram os tradicionais calções, mas sim bermudas com níveis de compressão distintos para cada região (por exemplo, menos compressão no quadril para permitir movimento).

A compressão da bermuda mantém os músculos firmes, o que diminuiria um nível de vibração do músculo que supostamente causa sinais de micro-fadiga antecipadamente. Pequenos spikes foram aplicados na vestimenta para melhoria de aerodinâmica e aumento de troca de calor produzido pelo corpo do atleta para o meio.

 

Efeito do Breaking 2

Os resultados de Tadese e Desisa foram decepcionantes, pois ambos desgarraram do pelotão sub 2h antes da metade da prova e terminaram em 2h06min e 2h14min respectivamente. Esses tempos já são atingidos em percursos de maratona de rua pelos atletas africanos, sem todas estas condições “perfeitas”. Além disso, as majors premiam com bônus adicional somente os atletas que fazem abaixo de 2h04min, que é tida como uma marca de nível mundial.

Kipchoge mostrou mais uma vez porquê é o melhor do mundo, até o km 30, conseguiu se manter num pace sub 2h. Nos últimos 12 km, mesmo aumentando o pace, mantinha a serenidade estampada no rosto, chegando a sorrir e com uma mecânica de corrida quase impecável aos olhos de leigos.

 

Não foi tanto uma questão de atingir um determinado tempo numa Maratona, mas sim uma demonstração de como a parceria de tecnologia + planejamento + atleta no seu auge de preparo físico e mental conseguem impulsionar uma evolução significativa no esporte. Que venha pelo menos a quebra de recorde mundial no masculino este ano, vamos torcer!

 

 

 

Fontes:
[1]http://rw.runnersworld.com/sub-2/?_ga=2.89187547.1741958532.1494195774-250084441.1494195773
[2]http://www.runnersworld.com/marathon/nikes-audacious-plan-break-the-2-hour-marathon-barrier-in-2017
[3]http://news.nike.com/news/breaking2-race-strategy
[4]http://news.nike.com/news/sub-two-hour-marathon-apparel-shoe-breaking2-kit
[5]https://www.facebook.com/nike/videos/10154916723568445?cp=usns_brs_050417_breaking2_FB_su17

 

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