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03/10/2012

SINDROME COMPARTIMENTAL – 3 EXPERIÊNCIAS

Relatos

 

Este é o nome bonito para um problema que ocorre com os músculos tibiais localizados na canela. Durante o processo de correr, os músculos aumentam seu volume mais do que a membrana que os envolve (fácia) gerando dores que incomodam bastante.

Hoje durante a corrida do circuito Athenas, 10 km, conheci o atleta Sandro que assim como eu, também corre pela  BH Race. Ele reclamou de uma dor na canela esquerda. Trocamos figurinhas, pois eu também sofria há seis meses com esta mesma dor nas duas canelas. Logo que finalizamos a corrida e chegamos à tenda da BH Race encontramos com o Pedro, outro jovem atleta maratonista que também passou por este processo de dor recentemente. Trocamos mais figurinhas, cada um relatando as suas experiências com médicos, fisioterapeutas, testes, exames etc.

Achei muito interessante, por isso decidi relatar abaixo os três casos distintos para que mais pessoas interessadas tomem conhecimento.

Iniciando com a minha experiência, corredor há cinco anos, fazendo circuitos de 5 e 10 km semanalmente e me preparando para a Volta Internacional da Pampulha no final do ano. Senti os primeiros sintomas de dor em maio/2012. Esta dor ocorria nas duas canelas, durante os três primeiros quilômetros de corrida e depois esta dor cedia e eu continuava a correr sem dor. Isto tornava as minhas corridas muito dolorosas me deixando bastante aborrecido. Algumas perguntas precisavam de respostas: Porque isto ocorreu depois de cinco anos de corridas frequentes? Porque a dor sumia depois de correr os três primeiros quilômetros? Porque as dores não ocorriam quando a temperatura ambiente era elevada? Quais foram os motivos e os mecanismos que aconteceram em meu corpo que causaram este problema? Troquei muita informação com preparadores físicos, fiz consultas com fisioterapeutas e angiologista e finalmente consegui argumentos para responder minhas perguntas.

A partir de março/2012, eu estava praticando duas corridas, duas peladas e duas seções de musculação semanais e ainda fazia a ingestão de proteína para recuperação/manutenção de massa muscular. Estas atividades hipertrofiaram a musculatura. Quando o inverno chegou isto se tornou um problema. Os músculos já desenvolvidos aumentam ainda mais de volume durante a corrida e a membrana que os envolvem (facia) não dilatava na mesma proporção causando o desconforto da dor. Após os três primeiros quilômetros, o tempo era suficiente para o aquecimento do corpo e um aumento, mesmo que pequeno, do volume da fácia, amenizando ou reduzindo totalmente a dor nos quilômetros seguintes. Além da carga excessiva de exercícios, dois motivos claros foram identificados para hipertrofia da musculatura tibial sendo o primeiro a deficiência na pisada, que é pronada (para dentro) e o segundo a falta de movimento dos quadris durante o processo de correr que acarretaram sobrecarga nos músculos tibiais. É interessante resaltar que eu só sentia dores nos dias frios. Nos dias quentes esta dor não acontecia porque a fácia provavelmente acompanhava o crescimento da musculatura não gerando o processo de dor. Como remédio para estes problemas existem dois caminhos: o primeiro é fazer exercícios para corrigir a pisada e para gerar os movimentos necessários dos quadris no processo de correr e o segundo é usar uma palmilha para compensar a deficiência da pisada caso dos exercícios não surtirem o efeito desejado.

Na segunda experiência de síndrome compartimental, o Sandro me relatou que estava sentindo dor durante a corrida no músculo tibial da perna esquerda e que muito provavelmente isto seria devido ao fato de ter trocado de tênis e não ter usado a palmilha que usava nos tênis velho. Evidentemente isto gerou sobrecarga no músculo e crescimento do volume muscular enquanto a fácia não cresceu na mesma proporção. À medida que a corrida se desenvolveu (aproximadamente após os três km) a dor se esvaiu pelos motivos já explicados anteriormente.

Na terceira experiência, o Pedro também corria regularmente e não sentia dores. Entretanto, quando intensificou os treinamentos para correr uma maratona este processo doloroso se desenvolveu. Ele fez consultas a fisioterapeutas, médicos ortopedistas e fez diversos exames como ultrasonografias, tomografias computadorizadas entre outros buscando saber as razões da síndrome compartimental que o perturbava. Após várias tentativas, descobriu-se que ele tinha uma diferença significativa no tamanho das pernas que exigia um trabalho mais intenso dos músculos da perna menor para compensar esta diferença. Esta sobrecarga desencadeou a hipertrofia muscular e todo o processo já citado acima. A solução para eliminar o problema foi a adoção de uma palmilha para compensar a deficiência nos tamanho das pernas.

Muito provavelmente existem outros casos, com diferentes causas. Deixo essas três experiências como registro que cada vez mais, memos corredores sofram com a Sindrome Compartimental

 

 

Alberto Grossi

 

 

 

 

 

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Leticia
Leticia
11 anos atrás

Sindrome Compartimental: quarta experiência rsrs Colegas, tb sofri com a sindrome compartimental durante muitos anos. Nem mesmo o ortopedista (que não era atleta) conseguiu diagnosticar. O sintoma é exatamente o que o Alberto relatou. Corria bem até o terceiro quilômetro, daí em diante os musculos tibiais endureciam e ficava difícil fazer o movimento da passada. Ocorria com mais intensidade no inverno. Na época jogava futebol tb e como a chuteira tem menos amortecimento, sentia mais, não conseguia jogar com o meião levantado! Cansei de me inscrever em provas de 10km e encerrar no 5km mancando… era muito ruim… O que… Read more »

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