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24/09/2010

Heróis da Corrida – Parte 2

Coluna do treinador

 

Abebe Bikila nasceu na Etiópia, em 7 de agosto de 1932, no dia da maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Filho de agricultores e guarda-costas do Imperador etíope Atse Haile Selassié, o gosto pela corrida veio dos treinos militares, descalço, pelas montanhas da província de Mout. Aos 28 anos, Bikila completou, sob a luz da lua e com os pés no chão, os 42 km da maratona nas Olimpíadas de Roma, em 1960, tornando-se o primeiro africano negro a ganhar uma medalha de ouro na história das Olimpíadas. E ele faria mais: venceria também em Tóquio, quatro anos depois, atingindo o bicampeonato na mais nobre prova olímpica. Feito ainda não igualado até hoje. 

Abebe Bikila era um menino quando seu país foi invadido pelas forças italianas, em 1936. Durante cinco anos os italianos conseguiram dominar a Etiópia, coisa que nunca havia acontecido em três mil anos de história. Bikila vingara tudo isso.

Foi uma enorme força de vontade que lhe deu a histórica vitória em Roma. Durante três meses, uma vez por semana, ele corria de Addis-Abeba até o lago Bichoftu, distante 442 quilômetros da capital do país. Na Itália, ele impressionou pela inovação. Correu descalço e desprezou os muitos copos de água oferecidos pelo público.

Questionado sobre o gosto de correr descalço, Bikila afirmou: “Eu quero que o mundo saiba que o meu país, Etiópia, vai sempre ganhar com determinação e heroísmo.” O reconhecimento veio também do então imperador Hailé Selassié que, como prêmio ao desempenho de Bikila, lhe deu de presente um carro, um apartamento e uma pensão vitalícia. O respeito pelo guarda-costas era tanto que em uma rebelião ocorrida no palácio do imperador, enquanto todos os guardas foram assassinados, Selassié interveio pedindo que Bikila fosse poupado.

O então consagrado herói recebia diversos convites para disputar provas. Mas Bikila era seletivo quanto à participação em competições e correu apenas cinco maratonas entre as Olimpíadas de Roma e Tóquio. Ganhou quatro delas.

Depois de deter o recorde na maratona e ser o primeiro negro africano a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos, o desejo de bikila era conquistar outro ouro para a Etiópia, o que o consagraria como o único atleta a vencer duas maratonas consecutivas em Jogos Olímpicos.

Seis semanas antes dos Jogos de Tóquio, em 1964, no entanto, Bikila sentiu-se mal com uma crise de apendicite e teve que ser operado. Mas a recepção que o atleta teve no Japão e a vontade de competir fizeram Bikila se recuperar rápida e inexplicavelmente. Acompanhado dos colegas Mamo Wolde e Demssie Wolde, Bikila retornou aos treinos regulares após alguns dias na capital japonesa. Além do excepcional desempenho na maratona, da forma como se recuperou da cirurgia em tão pouco tempo, as acrobacias dele ao cruzar a linha de chegada foram imagens que marcaram aqueles Jogos. E Bikila não só conseguiu o bicampeonato, como ainda cravou um novo recorde para maratona, com 2h12min11s.

A alegria de seu povo na volta compensara todo esse esforço. O herói da maratona das Olimpíadas foi recebido sob uma chuva de pétalas de rosa e confetes. As pessoas o saudavam nas ruas com aplausos. O imperador o condecorou com a Ordem da Estrela da Etiópia.

Pouco depois dos Jogos de Roma, Bikila participou de uma rebelião, comandada por um dos filhos de Selassié para derrubar o imperador. A tentativa de golpe foi sufocada e Bikila, envergonhado, fugiu. O herói nacional recebeu o perdão do imperador e voltou a competir em Tóquio, em 1964. Não decepcionou e levou novamente a medalha de ouro da maratona.

Em 1968, no México, o atleta não estava na mesma forma. Ele sofrera uma contusão no joelho, que lhe consumiu vários meses de tratamento. Na corrida, os efeitos da contusão o impediram de repetir as performances anteriores.

Em 1968, nos Jogos do México, o etíope de pés descalços tentou nova arrancada no asfalto. Mas, com a saúde comprometida, parou nos primeiros 15 quilômetros. Na carreira, foram mais de 26 importantes maratonas pelo mundo. 

Ainda naquele ano, já de volta à Etiópia, sofreu um acidente de carro na cidade de Sheno. Paralisado da cintura para baixo, Bikila tentou tratamentos, por nove meses. Mesmo na cadeira de rodas, o espírito competitivo e o desejo de destacar a bandeira da Etiópia impulsionaram Bikila a participar de diversos torneios para atletas deficientes físicos.

Em 1970, ele participou de trenó de uma prova de 25 km de cross-country na Noruega e conquistou a medalha de ouro. No mesmo torneio, Bikila ainda ganhou uma prova similar, de 10 km, e recebeu uma placa de homenagem.

Em 25 outubro de 1973, a ilustre vida do corredor de pés descalços chegou ao fim com uma hemorragia cerebral. O herói etíope foi enterrado na catedral de St. Joseph, na presença de uma legião de fãs e do então imperador Atse Haile Selassié.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abebe_Bikila 

               http://o2porminuto.uol.com.br/ 

               http://www.estadao.com.br/noticias/esportes 

Forte abraço e bons treinos.

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Annette Loures
Annette Loures
13 anos atrás

Nossa !! Que história genial !!
Vou dedicar alguns kms ao Abebe Bikila quando for competir. Com certeza sua história me dará ânimo!
Parabéns, Iuri, pelo belo texto!
Abs Annette

Blog BH Race
Blog BH Race
13 anos atrás
Reply to  Annette Loures

Viva Bikila e seus admiradores!!!

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